O Instituto Poíesis é um espaço criado para acolher projetos nas áreas de arte, filosofia e educação em suas mais amplas e possíveis interações, com o objetivo de vivenciar o processo criativo. O instituto privilegia o jardim como espaço primordial para a ocorrência da ação criadora. Jardim como lugar de impermanência, de cultivação e apreciação, de errância e magia, onde a fruição permite o restabelecimento do tempo real das coisas.

Este primeiro projeto, Filosofia no Jardim, foi desenvolvido para o atendimento individual de crianças, adolescentes, jovens e adultos interessados em conhecer o processo filosófico, com o objetivo de despertar e exercitar o potencial criativo e desenvolver um olhar crítico sobre a realidade das coisas. Para tanto o projeto propõe um diálogo a partir do jardim e da filosofia interagindo com várias linguagens como a poesia, jardinagem, literatura, música, culinária, tear, cerâmica, bordado, crochê, tricô, desenho, colagem e dobradura. Introduzindo o conceito de tempo, proporcionando experiências, acessando memórias e reunindo o indivíduo à natureza, fortalecendo suas escolhas e estimulando as habilidades práticas.

Além do Projeto Filosofia no Jardim, ofereceremos cursos de grego clássico, curso de latim clássico, palestras, grupos de estudos, encontros para discussões temáticas, exposições, dinâmicas de grupos, oficinas e saraus.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Água e óleo

Aquele céu
Que outrora nos cobria
Misturou-se
Com coisas necessárias
O labor atropelou o amor
Envolvendo o real e o imaginário
O concreto reage ao toque
Desenvolvendo
A matéria em forma
A idéia já se despede solitária
A dor necessária acontece
Dando forma a vida
Que a felicidade espera

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Leveza

A correnteza leva-me
Vários caminhos a percorrem
Sigo o rumo que me atrai
Como um imã                            
Sinto não poder explicar

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Prisão

Não saia, fique aqui
Eu te cuido e vai ser feliz
Não faça, eu faço
E dou-te na boca
Que beijei
E trai
Paralise
E encene
O conto de fadas
Que sonhei
Para mim
Porque você inventa
Coisas que não sabe
E nunca irá fazer e ver
Eu te trago
Um pouco de tudo
De todos os lugares
Que estive
E você não viu
Viva feliz
Aqui dentro
Uma vida de ilusão
Lá fora o perigo
Aguarda-te
Proteja-se aqui
E não sonhe mais
Seu sonho é ilusão
O meu medo é
Você sonhar demais
E fortaleza expressar
E escapar
Do castelo
Que construí
Para nós
Porque não é feliz?
De uma vez
E pára de procurar
Se conforme
Com a felicidade
Que eu te dei
E não procure
O seu caminho
Pois ele é meu
Aquele que encontrei
Tão lindo
Estendido em tapete
Vermelho para você
Desfilar a imagem
Que construí
Não tente desmoronar
E destruir
O que há tempos
Construí
Não a perdôo
E vingo-me
Pois morro de medo
De te perder
E assim te perco
Para sempre
Onde está o amor?
Pague o preço
Agora e sempre
Ou fuja
Do seu medo
E cresça



Pranto


Chorei pelo pai acabado
Em vida que não tem fim
De trabalho e gastar saúde
Amor e fim de não saber
Chorei por mim
Que errara e ouvira críticas
De não saber a perfeição
Não conhecer a tudo
Nem resolver tudo
A qualquer preço
Esgotada chorei pela dor
Que o frio trouxera devagar
E se alojara no corte vertical
Riscado nas costas
E no centro escuro a dor gemia
E não deixava acomodar
Chorei o amor sentido
E injustiçado por egoísmos
Tão banais, de não gratidão
Chorei pelo filho rebelde e distante
Que não se deixa acessar
Chorei pelo amor distante
Trabalho duro
Que não tem tempo para amar
Chorei a solidão e o desespero
De não ter com quem falar
Nada mudou!
Chorei pelo filho distante e doente
Que não posso cuidar
Chorei pela vida solitária que criei
E não me acostumo
Sou uma fêmea sem macho
Uma mulher sem casa
Uma mãe sem filho
Uma filha sem pais
Uma pessoa sem família
Uma cidadã sem pátria
Uma vã casca de não saber
Sou lúgubre e insensata
Ao me vencer sem armas
Não sei lutar com elas
Nem com mãos vazias
Sei ceder e perscrutar
A paz sonhada
Em dias de penumbra e frio




terça-feira, 22 de novembro de 2011

Isis

Indefinível em rara qualidade
Supera múltipla capacidade
Interagindo no efêmero do real
Sustenta o complexo das artes

Havendo desafios iminentes
Idealiza soluções incontáveis
Observando exemplos latentes
Narra conclusões impecáveis

Instruindo o corpo e a mente
Emergem dons em harmonia
Distribuindo gestos com alegria
Admira de encantos a magia

sábado, 19 de novembro de 2011

Banho

Banhados em alegria
As gotas enlouquecem
E é festa no jardim
A fantasia está pronta
E veste de forma impecável
Envolvendo em magia
Umedece o corpo
E respinga manchando
Ao redor
A intenção é celebrar
E o instinto transfigura
Em imagens projetadas
Que movem o ritual
De forma lenta
Praticamente invisível
Banhos lavam
Nutrem
E dão brilho


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Novembro I

Chove ainda
E choveu para todo o mês
A festa silenciosa continua acesa
E aproveita a duração
É imprevisível
Nunca acabado
Mas sempre pronto
A observação atenta
Do mínimo movimento
É um olhar raro
E um privilégio
O compartilhar

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Novembro

É novembro e chove
Com mansidão conformada
O dia espera o anoitecer
De não estrelas
E as gotas brincam
De se transformar
Pela vidraça percebe-se
O úmido do contínuo chover
E aqui dentro ainda mantém-se
O secar de tecidos vãos
Tolhe-se o sorriso
E expressa a permanência
De risos esquecidos
Que se mostram
Em ecos pelos cantos
Hoje é preciso parar
E observar
Apenas contemplar
Novembro chove sim
E não é breve
Armem as tendas
Para festejar
Ou festeje
A dança da chuva
Em gotas a bailar
O tempo espera
Ansioso a decisão

sábado, 12 de novembro de 2011

Gazânia


Ganham descanso da beleza e a noite
Dormem e não pensam em besouros, abelhas e borboletas
Apenas apagam de luz e flor para respeito da lua
Projetam e ganham sem planejamentos e espécies
Vivem e morrem sem sofrimentos e lágrimas
Simplesmente vivem embelezam e alimentam
Conversam com aqueles que ouvem e tocam-nas
E calam-se ao nascer reverente do sol
Despertam e brilham em sua honra
Sem acordos ou limites de desabrochar luz e beleza
Não disputam nem invejam a luz ou a sombra
Vivem e não se preocupam
Abrem-se e colorem de cores e formatos variados
Sem importar se rosas, amarelas, laranjas ou marrons
Vivem e embelezam o jardim da menina mulher
Observam-na, cuidam e alegram
Vivem terra e aceitam feliz o banho da chuva
Vivem e observam a vida que transcorre tão doce
Vivem e sabem beleza e admiração
Vivem e sabem serem queridas
Vivem e sabem serem as preferidas
Vivem e sabem serem escolhidas
Vivem e sabem ser em flor
Vivem e sabem flor
Vivem em flor
Vive flor
Vive flor em jardins de muitas belezas
Vive e cria arte e escrita
Vive e é arte e escrita
Vive de flor a dar sentido à vida
De vida a criar um sentido para o viver
De flor a marcar a vida da menina mulher
De flor e mulher unidas em arte
De arte e palavras juntadas em flor e mulher
De flor e mulher unidas em essência
De jardim, terra, água, fogo e cores
De metais, fios, laços, palavras e arte
De palavras e arte juntas em razão de viver
De viver flor arte palavras e mulher
De ser e crescer sem medo da vida
De aceitar e regozijar com o que ela oferece
De olhar a beleza gazânia e não invejar
E saber de sua própria luz e beleza
Que alguém um dia verá e anunciará
Para o seu ser que faz questão de não ver
Do medo que é se olhar e reconhecer
Os defeitos, qualidades, limites e beleza
Que a gazânia não sabe que tem e apodera
Maravilhando os olhares de diversidade única beleza
Se mostrando aberta, clara e sincera
Aos que tiverem olhos para ver

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Memórias

Juntei coisas e já não sei
Fiz triagem de impressões
Imprimindo detalhes
Em cópias de desarrumar
Encontrei perdidos
E perdi achados
É fácil se perder
Quando se procura
Com voz de quem
Não sabe encontrar
Aos sussurros achei palavras
Que não diziam não, jamais
Murmuravam e desencontravam-se
Nos caminhos que não percorri
Por fim achei um nó atado
Nos meus achados
E não era daqueles
Que se desfazem facilmente
Eram de outra espécie
Então cataloguei e guardei
Em coisas que não sei mais       
Arrumar já não é do meu feitio
Sou como a caixa de baú no sótão
Esquecida e sem dono a recordar
Memórias dão asas a histórias
Que não acontecem jamais
Impossível recontar o que se foi
É um lapso a reconstrução
E hilário o esforço do entendimento
De um passado remoto
Arqueológico e submisso
Cisões ciscando em torno do ontem
Que nada dizem sobre o amanhã
Um estorvo as memórias...
Presas no inconsciente
São bem vindas
Assim indefesas
Incógnito desfaço-me
De tudo agora
Para não sofrer o desapego



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Penumbra

O sol veio me dizer Olá
Pela janela despertadora
De surpresas
Respondo e reverencio
A sua presença
Tão habitual
Privada em dias
Que as águas 
Roubam o seu lugar
Sobretudo ainda está presente
Oculto vislumbre singular
Coopera e opera
Em penumbras
Que desconhece

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Tardio

Todo o ser trabalhava
Buscando respostas
A sabida ignorância
Arrastava as chinelas pela casa
Empoeirada e triste
Espanar já é desnecessário

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Espaços

Tudo era tão claro
Que o obscuro observava
Paciente
O não ver fazia parte
Era aceito
As sombras brilhavam
Felizes
Ocupar os espaços externos
Era apenas mostrar
O interno remexido

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Terra e céu

Num céu azul assim
Imprimi meus desejos
Guardados em pequena caixa
Eram poucos e preciosos
Simples demais para acontecer
Porém, a caixa aberta
A luz, o som, o desabrochar
Reticente marcou
De infinita cor
O guardado
E movimentou
De forma que espalhou
E tentou alcançar o céu
Presos na terra
Os significados reconheceram
A grandeza do sentido
E uniu-se em breve tempo
A terra e o céu

domingo, 6 de novembro de 2011

Nudez

Segredos salpicam
Em objetos
E estruturas fixadas
Era verão, chuvoso
E outono, e inverno
E primavera
Trazendo o novo verão
Com roupas clássicas
Adquiridas em brechó
No entanto
Apresento-me
Nua e só
Caminho e represento
Vou em frente
Desfilando a nudez alva
De um sol que não
Tocou o verão
De corpo e coração
Alguém avisou ao sol
Que o tempo chegou 
Para aquecer?


sábado, 5 de novembro de 2011

Jardim

O jardim esconde em signos
O desabrochar de uma flor
Os cantos
Caminhos e surpresas
Mostram-se
Em disposições estudadas
Outras forças sutis
Fazem-se aperceber
Olhos atentos delicados
Anteveem as mãos
E o trabalho 
O sol e a sombra brincam
De esconder e achar
O prêmio está no olhar
Nos cheiros e sabores
Determinante é o tempo
Que joga com a escolha
A flor desabrochada
A folha seca
A fruta estragada
Fora a escolha
Algo é determinante
Marcante e pulsante
O eterno retorno
Semeante e involuntário
Recheia os espaços intocáveis
Alterando irremediavelmente
De passagem a paisagem

                                

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Sabor

Num dia comum
Felicitei de agrados
O ser cansado
Mirei de olhos vendados
Os delicados traços
Admirei nunca antes
Haver notado
Despercebido
Alterna luz e sombra
E espera paciente
A transformação
Um chá morno
Combinado com bolo
Aquece o encontro
E celebra a união

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Mistério

Emaranhados de sentimentos
Ecoam no peito confusos
E eu já posso ver o desenlace
Fatal é o desejo
Como verbo ele é manco
E suscita rumores de tragédia
Posso desviar-me e seguir
Aleatoriamente um caminhar
Traçado não é um risco uniforme
Vazios perpassam e marcam
De ajustes o mistério

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Morte

A morte veio me dizer olá
Do meu quintal
E eu saí para honrá-la



Não a cobri de cores
Retratei
Não me incomodei
Com o seu silêncio
Compartilhei
Não me assustei
Com a sua inércia
Pisei macio
Não a repreendi
Era seu tempo
Amei-a como amo
Oque não posso mudar
E aceitando-a
Aceito a mim
E assim acolho
O meu desfecho





terça-feira, 1 de novembro de 2011

Festa

Vestir e desvestir
Escrever, reescrever e rasgar
Criar e materializar
Belezas estéticas estáticas
Moldam moldes em molduras
Cingindo combinações de cores
A festa continua, é infinita
Dançar só se for desejo